
Médicos especialistas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) alertam que o uso de telas traz riscos à saúde de crianças e adolescentes. O Departamento de Foniatria da entidade publicou uma nota técnica em que aponta as diversas áreas de desenvolvimento que tem prejuízo devido ao uso de telas, entre elas a linguagem e cognição.
No parecer técnico, os especialistas apontam a importância de experiências sociais e sensoriais para o desenvolvimento da linguagem e cognição de bebês e crianças, o que é muitas vezes prejudicado devido ao uso de telas, como televisão, celular e tablet; já nos primeiros meses de vida.
Os médicos recomendam que o uso de telas não seja feito por crianças de até dois anos de idade. Na faixa-etária entre dois e seis anos de idade, os especialistas recomendam que o uso de telas não ultrapasse 1 hora por dia. E, acima de seis anos de idade, os tempo de telas deve ter limites para que a criança ou o adolescente também tenha tempo para fazer outras atividades físicas, sociais e educacionais.
De acordo com os médicos, todas as crianças exibem padrões universais de percepção e produção de fala e linguagem, nos estágios iniciais de aprendizado, que vão acompanhá-las durante toda a vida.
Nesse período, os especialistas consideram que é um momento crítico para o desenvolvimento da linguagem, sendo assim, necessário ter uma interação social, para que o desenvolvimento cerebral ao longo da vida, o que repercute também no aprendizado, capacidade cognitiva e até mesmo a construção psíquica do ser humano, não seja afetado.
“Os dispositivos eletrônicos, em geral, atraem crianças e adolescentes devido aos recursos sensoriais visuais e auditivos, como cores brilhantes, ritmo acelerado e músicas alegres. Apesar da tecnologia ser bastante usada como recurso educacional, é cada vez mais reconhecido que o uso excessivo de telas e a exposição não supervisionada têm efeitos prejudiciais à saúde e ao desenvolvimento infantil”, informa.
Entre outros efeitos levantados pelos especialistas estão o sedentarismo, obesidade, distrações em sala de aula e outros ambientes, isolamento social, distúrbios do sono, ansiedade, depressão e irritabilidade.
A ABORL também ressalta que há uma diferença entre a percepção auditiva de crianças menores de cinco anos de idade e os adultos. Para os pequenos, não há diferenciação do entre ruídos do ambiente, como som de televisão e rádio, e da voz das pessoas. Sendo assim, em locais onde há sempre um aparelho ligado, há a dificuldade de comunicação com essas crianças, pois eles só conseguem registrar o que ouvem de forma clara.
“Diante das telas as crianças têm menos oportunidades de interagir com os pais, cuidadores e outras pessoas. Isso reduz o tempo que deveria ser dedicado a brincadeiras e a atividades físicas, seja em casa, na escola ou ao ar livre. Essas atividades, quando realizadas sozinhas, com pais, amigos ou na escola, são fundamentais e estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, pontua a nota técnica.
Ainda no relatório, a organização informa que a exposição o tempo que as crianças passam assistindo TV e vídeos na internet, jogando videogame e acessando a aplicativos, tem aumentado cada vez mais, e os estudos apontam uma correlação dessas atividades ao atraso no desenvolvimento da fala e linguagem em bebês. Fonte: Correio do Estado.