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“Cão que nunca erra”, bombeira Laika tem ninhada nos planos após voltar do RS

Cadela da equipe de busca e salvamento do Corpo de Bombeiros visitou o Campo Grande News

Na faixa do peitoral de Laika se lê o que ela é: bombeira (Foto: Lennon Almeida)

A pastor holandês Laika passeia rápido com os olhos bem atentos e as orelhas em pé quando chega a um lugar novo. Assim ela se comportou na redação do Campo Grande News nesta terça-feira (28), após voltar de missão especial no Rio Grande do Sul.

Laika não é brava. Aceita carinho com confiança, mas prefere se recolher ao lado de quem já conhece ao terminar de farejar todo o ambiente. É o temperamento da raça, explica o sargento do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Thiago Kalunga, que adestrou o animal por um ano e meio para servir à corporação.

Cadela de busca e salvamento, ela foi a fiel companheira do sargento Kalunga e dos soldados Jéssica Lopes e Humberto Nunes durante 13 dias de operação dedicados a ajudar as vítimas das cheias no estado gaúcho. “Experiência como nenhuma outra”, diz a equipe.

A cadela bombeira atenta enquanto conhecia cada canto da redação (Foto: Lennon Almeida)

Juntos, localizaram seis pessoas da mesma família que acabaram soterradas entre três e quatro metros abaixo de muita terra que deslizou na cidade de Roca Sales.

Humberto conta que o maior desafio foi encontrar os corpos numa área enorme, de 139 mil metros quadrados, onde havia de tudo. Pedaços de telhas, cadeiras, roupas e porcos de criação mortos se misturavam num cenário de tragédia.

Laika é acostumada a viajar de carro e de viatura até outros estados por causa das viagens para certificação. Não estranhou em nada. Filhote de um cão que auxilia a Polícia Militar de Santa Catarina, aprendeu a tolerar deslocamentos desde muito novinha. E olha a coincidência: cumpriu uma de suas maiores missões no estado vizinho ao que nasceu.

Em Mato Grosso do Sul, a pastor holandês participou de centenas de ocorrências do Corpo de Bombeiros. Sua “especialidade” é identificar cheiros humanos, seja de gente viva ou morta. Já foi adestrada com esse objetivo.

Equipe dos bombeiros com Laika e jornalistas na redação do Campo Grande News.

Como é – A soldado Jéssica dá detalhes de como é a Laika e a equipe de busca e salvamento em ação.

“A gente não induz o cão a procurar por alguma coisa. Deixamos livre e aguardamos ele identificar algo, enquanto também estamos em missão”, começa.

No caso de Roca Sales, ela explica que agentes e cães de outros Estados trabalharam em conjunto e que foi necessário usar uma “ferramenta de odor” para ajudar a distinguir cheiros. Lá, esse auxílio foi o de bastões de ferro que os bombeiros usaram para abrir buracos no soterramento e fazer odores subirem à superfície.

Soldados Humberto e Jéssica, sargento Kalunga e Laika em missão no RS (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Com os cães apontando a localização, veio a hora de usar uma retroescavadeira e retirar os corpos. O trabalho foi essencial para acabar com a angústia de parentes que não sabiam seu paradeiro.

“Nunca erra” – O sargento Thiago afirma que depois de tantas parcerias, tem certeza que “o cão não erra nunca”.

“A gente até pode errar por não entender o que o cão quer mostrar. Mas o cão nunca erra”, fala.

É por isso que Laika é uma ferramenta poderosa para o trabalho do Corpo de Bombeiros. Sem ela, missão de um dia poderia durar vários dias, ele acrescenta.

A cadela na viatura chegando em Campo Grande após ter cumprido a última missão (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Outros feitos de destaque da cadela foram localizar dois idosos com Alzheimer que estavam desaparecidos em Nova Andradina e Sidrolândia, e encontrar a ossada de um homem indígena em Dourados.

Vai ter filhotes? – Pouco antes de ir para o Rio Grande do Sul, se discutia se Laika seria liberada para cruzar com cão da mesma raça para produzir filhotes. Seus genes são preciosos e existe interesse em enviar descendentes para servir outras corporações de Mato Grosso do Sul e de outros estados.

Thiago Kalunga conta que a cadela teve um cio silencioso semanas antes da última missão. Se fosse um cio comum, é possível que não conseguisse seguir viagem com a equipe. “Parece que foi coisa de Deus. Não era a hora”, crê o sargento.

Mas a ninhada ainda é um plano para a fêmea, que hoje está com 5 anos. A intenção é que ela seja mamãe antes de terminar de servir o Corpo de Bombeiros. Sua carreira de bombeira deve seguir por mais 5 anos.

O que não falta é quem queira um pedacinho de Laika. Colega e fã da heroína, o soldado Humberto avisa que é o primeiro da fila.

Fonte: CAMPO GRANDE NEWS.

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