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Chuvas podem ajudar, mas seca severa de 2024 vai deixar impactos no Pantanal

Rio está subindo, mas não na mesma intensidade e quantidade de antes

Imagem ilustrativa. (Henrique Arakaki, Jornal Midimax)

O Rio Paraguai, em Ladário, subiu 74 centímetros nos últimos 34 dias, saindo do patamar negativo e chegando a média histórica de dezembro. A melhora considerável acontece após o Pantanal enfrentar uma seca histórica, mas não é indicativo de normalidade em 2025. Para pesquisadores, os efeitos da estiagem severa vão continuar sendo sentidos.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, a pesquisadora Liana Anderson do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), comentou sobre a seca severa enfrentada em 2024 e seus impactos para o Meio Ambiente, principalmente o Pantanal, nos próximos anos.

“A gente vem de um processo de seca muito longa e severa, então eu imagino que para começar a normalizar não ocorra ma situação tão rápida, né? Se a gente for comparar com as secas anteriores, esse último efeito El Niño é o que imprimiu uma marca de secas mais fortes, não só pela intensidade, mas também pela duração”, explica a pesquisadora.

Ela corrobora outros pesquisadores e fala em eventos climáticos mais intensos e duradouros, e uma a tendência de diminuição do volume hídrico do Brasil. “Eu não sei até que ponto a gente consegue reverter um pouco esse cenário de decréscimo das inundações, das cheias que vêm ocorrendo. Então eu não sei se esse é um processo reversível nesse momento”, destaca.

(Foto: Reprodução/Marinha do Brasil)

Queimadas desequilibram redução de carbono

Enquanto o mundo se compromete com a redução da emissão de carbono na atmosfera, os incêndios florestais que este ano tiveram grande impacto no Pantanal, geram desequilíbrio e contribuem para o aquecimento global.
A pesquisadora Liana Anderson explica que as árvores são grandes aliadas na neutralização de carbono, mas quando árvores queimam e morrem, há um desequilíbrio na atmosfera. “Você vai ter maior contribuição de gás de efeito estufa para a atmosfera, que vai contribuir com secas mais severas, com eventos severos. É um efeito em cadeia”.

O fogo gera perda da floresta primária e mesmo uma reposição não tem a mesma contribuição que a floresta primária dava, então a gente continua sofrendo perda, explica a pesquisadora. Ela ainda cita sobre o impacto que a morte de animais queimados tem para a recuperação do bioma diante o fogo.

“A princípio a gente pensa assim, isso pode não nos tocar diretamente, é só uma perda, mas, no fundo, isso está associado com a própria recuperação desses sistemas. Além disso, os animais silvestres são vetores de muitos vírus de doenças. A partir do momento que o hospedeiro não está mais presente, a chance desses vetores encontrarem o ser humano como um novo vetor de doenças é muito grande. É todo um efeito de desequilíbrio”, reflete Liana.

Animais retornam em meio as cinzas no Pantanal
Animais retornam em meio as cinzas no Pantanal (Henrique Arakaki, Midiamax)

Ano icônico para as mudanças climáticas

O ano ainda não acabou, mas 2024 ficará marcado na história como o primeiro ano em que as mudanças climáticas se fizeram mais evidentes. Do alagamento do Rio Grande do Sul à seca extrema do Pantanal, nunca foi tão nítido ver que o clima está mudando.

“São esses extremos, é uma bomba climática e para mim o mais intrigante, o maior desafio que a gente tem é como a gente vai conseguir conciliar o entendimento do que aconteceu com o que precisamos fazer. Eu acho que a gente está muito atrás e não está se preparando da maneira correta para assumir isso que vai acontecer”, diz Liana sobre as mudanças climáticas.

Em setembro de 2024, o Jornal Midiamax publicou uma série de reportagens sobre as mudanças climáticas. Confira: 1 ano das ondas de calorecoansiedadecalor e desigualdades sociaisimpactos do calor na saúde e mudanças são irreversíveis.

Fonte: Midiamax.

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