Geral

Possibilidade de suspensão da Starlink coloca produtores rurais de Mato Grosso do Sul em alerta

Starlink é muito utilizada por produtores rurais para o trabalho em áreas remotas do Estado, onde sinal tradicional de internet ‘não chega’

Satélites da Starlink vistos da Terra Foto:(Divulgação)

A recente controvérsia entre o STF (Supremo Tribunal Federal) e Elon Musk, CEO da Tesla, SpaceX e proprietário do X (antigo Twitter), fez com que o ministro Alexandre de Moraes determinasse nesta quinta-feira (29) o bloqueio das contas da Starlink, uma das empresas do sul-africano. O objetivo seria garantir o pagamento de possíveis multas por possível descumprimento de decisões judiciais.

No entanto, a medida pode afastar a empresa do Brasil. Segundo a Anatel, a Starlink tem 215 mil clientes no Brasil e lidera o mercado de banda larga fixa via satélite, com 44% de participação. A banda larga satelital representa 1% das conexões fixas no país.

A tecnologia de acesso à internet de alta velocidade permite atingir áreas rurais e remotas onde a infraestrutura tradicional é limitada ou inexistente, como o interior de Mato Grosso do Sul. Diversos produtores rurais utilizam a tecnologia ade Musk para trabalhar no Estado.

➡️ @STF_oficial intima Elon Musk e X a indicarem representante legal em até 24 horas, sob pena de suspensão de atividades no Brasil ⚖️ https://t.co/SV21xQcJue

No caso de Mato Grosso do Sul, a tecnologia é disponibilizada e tem usuários nas regiões rurais. Com o agronegócio como base de sua economia, proprietários rurais demonstram preocupação caso o serviço deixe de operar no País.

Bedson Bezerra de Oliveira, presidente do Sindicato Rural de Anastácio, expressou suas preocupações sobre as possíveis consequências de uma saída da Starlink do país e, consequentemente, de Mato Grosso do Sul.

“Caso o Starlink tenha que sair do Brasil, teremos um problema muito grande, principalmente para quem trabalha com o agronegócio e faz uso da internet em áreas rurais, isoladas ou distantes”, afirmou Bezerra.

Ele destacou a importância do serviço, que permite acesso à informações cruciais para a gestão das fazendas e para o monitoramento de colheitas.

Isso porque a conexão à internet é utilizada por produtores rurais, não apenas para a comunicação, mas também para a aplicação de tecnologias que aumentam a eficiência e a produtividade.

O uso de ferramentas digitais para monitoramento de safras, controle de estoque e até mesmo para a venda de produtos agrícolas depende de um acesso à internet.

“Até onde pode chegar esse prejuízo para a gente?”, questionou Bezerra. Para ele, a falta de acesso traria diversos desafios à operação das fazendas. A preocupação também é gerada pois, em muitos casos, a Starlink é a única opção de internet de alta qualidade para produtores rurais em regiões remotas.

Acesso à internet em áreas rurais

A internet para produtores rurais é viabilizada por tecnologias como internet via satélite, rádio, ADSL e 4G/5G. A escolha da melhor opção pode depender da localização geográfica e das necessidades de conectividade.

Produtores rurais utilizam a internet de forma integrada a gestão das propriedades, com automatização de processos, monitoramento climático, drones conectados, pulverizadores automáticos, maquinário inteligente e outras.

Para isso, a internet via satélite, como a da Starlink, é uma das modalidades que mais tem crescido, pois não depende de antenas repetidoras instaladas no solo.

O que aconteceu?

Na noite de quarta-feira (27), Moraes intimou Musk a informar em 24 horas um representante legal no Brasil para a plataforma X. A intimação a Musk foi feita por meio do perfil oficial do Supremo no próprio X, após o tribunal ter encontrado obstáculos, nos últimos meses, para intimar algum representante da rede social em território nacional. Caso um representante não seja indicado, Moraes alertou que a plataforma será retirada do ar. Musk, por sua vez, teceu diversas críticas à Moraes, também por meio de sua conta oficial no X.

Com possibilidade de que a decisão não seja acatada, Moraes determinou o bloqueio de contas da Starlink, da empresa SpaceX, a companhia de exploração espacial de Musk.

Com a Starlink, Musk atua para lançar e formar uma “constelação” de satélites para levar conexão de internet a áreas remotas com pouca ou nenhuma estruturacomo por exemplo áreas rurais, pequenos vilarejos, desertos, alto mar, no céu (em aviões com wi-fi) e na Amazônia.

A tecnologia também funciona em movimento, em veículos como lanchas e barcos, navios (cruzeiros) e carros e motorhomes.

Os satélites da Starlink ficam em órbita terrestre baixa, a uma altitude de 550 quilômetros, o que significa que eles estão próximos da Terra (inclusive, é possível vê-los daqui), tornando o envio de sinal bem mais rápido. Para comparação, os satélites geoestacionários ficam a uma distância de 35 mil km.

Segundo a Starlink, os satélites se movem automaticamente para evitar colisões com lixos espaciais. Também há sensores de navegação para que os equipamentos possam encontrar a melhor localização, altitude e orientação para envio de sinal de internet.

Em nota aos clientes, a empresa diz que mesmo se a ordem, que considera ilegal, impactar a capacidade de cobrar as mensalidades, vai manter as conexões contratadas.

“A Starlink está comprometida em defender seus direitos protegidos por sua Constituição e continuará a fornecer serviços a você – gratuitamente, se necessário – enquanto tratamos desse assunto por meios legais”, diz a nota aos clientes.

Fonte: Midiamax.

Compartilhe
Desenvolvido por