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Régua de medição de Ladário (Foto: Juliana Arini/Ecoa)

Eventos consequentes das mudanças climáticas podem acontecer com mais frequência, inclusive no MS

Devido as chuvas intensas no Rio Grande do Sul, a população brasileira se alarmou e pôs em debate as mudanças climáticas que estão atingindo todas as partes do mundo, e o Mato Grosso do Sul não é exceção.

Ao Correio do Estado, o doutor em meteorologia e professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Vinicius Capistrano, apontou que o estado pantaneiro enfrentará médias anuais de temperaturas no final deste século acima de 6°C, segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2023). Isso considerando que o cenário das altas emissões de Gases do Efeito Estufa vai continuar.

“Ainda, nesse cenário o regime de chuva será alterado e a estação seca no estado será em média 30 dias maior, o que prejudicaria setores estratégicos, entre outros, como a agricultura, pecuária, sistemas florestais e ecossistemas. O aumento da aridez em Mato Grosso do Sul pode aumentar substancialmente as queimadas”, explicou Vinicius.

O professor ainda comenta que eventos consequentes das mudanças climáticas podem acontecer com mais frequência, inclusive no MS. Ainda cita como exemplos as recorrentes secas no Pantanal, principalmente em 2019 e 2020, além das enchentes na Bacia Amazônica.

Para reforçar a importância de ações de combate aos eventos climáticos extremos, Vinícius lembra que 2023 foi o mais quente já registrado na história, ficando 1,48°C acima dos limites pré-industriais. Também cita que as ondas de calor, as chuvas extremas ou secas prolongadas enfrentadas pela população já são mais recorrentes nos tempos atuais.

Ele cita três ações principais que podem ser feitas para ajudar o planeta: redução de resíduos sólidos; troca de frota veicular movida a combustíveis fósseis para elétricos; redução de emissão de Gases de Efeito Estufa pelo gado bovino. 

Obras de infraestrutura adequada para escoar e reter águas provenientes de chuvas extremas são importantes, segundo o doutor. Ele também sugere que cidades grandes, como Campo Grande, tenham um centro de monitoramento de eventos extremos.

“Isso ajudaria a tomada de decisão mais rápida, talvez em tempo real, por parte dos órgãos responsáveis. Tal centro de previsão poderia ser dotado de um modelo de previsão de tempo e de enchentes em alta resolução, detectores de campo elétrico e meteorologias para monitoramento de tempestades por radar meteorológico”, comenta Vinicius.

Para efeito de reflexão, os números registrados, até a noite deste sábado (10), na tragédia que atinge o Rio Grande do Sul são: 136 mortos; 756 feridos e 125 desaparecidos.

Reflexão no MS

Em abril deste ano, um Fórum Estadual foi realizado a fim de discutir as mudanças climáticas e a importância da sustentabilidade, biodiversidade, preservação, recursos hídricos e balanço de carbono para o meio ambiente. A realização contou com a presença de políticos, incluindo o governador Eduardo Riedel (PSDB), e importantes nomes do Estado.

O tema do evento foi “Por um MS Verde, o tempo é agora”. No primeiro dia, dois painéis temáticos foram abordados: “Agenda climática: missões e mitigação” e “Conectando os três pilares da sustentabilidade na prática”.

Já no dia seguinte, oficinas práticas de soluções sustentáveis de pecuária, manejo do fogo, estratégias de carbono neutro, conservação de recursos hídricos e modelos inovadores de agropecuária sustentável foram produzidas.

Presente no evento, o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, afirmou que o objetivo do fórum era caminhar sustentavelmente para tornar o Estado reconhecido internacionalmente como Carbono Neutro até 2030. 

Segundo definição da Bosch, líder global de tecnologia e serviços, ser carbono neutro significa “reduzir onde é possível e balancear o restante das emissões por meio da compensação, que pode ser feita pela compra de créditos de carbono ou recuperação de florestas em áreas degradadas”.

Fonte: Correio do Estado.

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